“Se você for um homem, não deixe que a vida conjugal se torne uma desculpa para não realizar suas viagens desafiadoras: leve sua amada para a aventura junto com você”. A frase do filósofo Contardo Calligaris cai como luva para uma viagem a Seychelles. Primeiro, porque as ilhas ainda mantêm aquela áurea para lua de mel, mas esse arquipélago tem muito mais a acrescentar do que praias paradisíacas. Vá de balsa entre uma ilha e outra e descubra seus parques nacionais, a maioria em estado primevo onde trilhas conduzem a observar a fauna e flora de rara beleza; e mergulhe com tartarugas gigantes, xaréus e peixes arco irisados.
Entre direto na ação. Cada ilha tem sua própria atmosfera e sutilezas: Cachée Island e Round Island são pouco mais que bocados de terra espiando acima do oceano. Ali bancos de coral e campos subaquáticos de capim-mar proporcionam habitat perfeito para todos os tipos de vida marinha: ouriços-do-mar, peixes-papagaio brilhantes, inclusive o xaréu gigante, aquele mesmo que salta fora da água para caçar aves. Já Long Island e Ste. Anne Island são montanhosas, e suas praias quase um refúgio particular. Mas atenção! Essas são apenas algumas das 115 ilhas e ilhotas do arquipélago de Seychelles cercadas de mar azul cintilante. Descubra qual ilha vai fazer sua cabeça.
“A maioria das pessoas nunca explora além das praias”, dizem os guias locais. É verdade. E é aí que os viajantes acabam perdendo outras riquezas desse arquipélago. A mais montanhosa das ilhas, Mahé, considerada porta de entrada do arquipélago, é cortada por uma rede de trilhas percorridas por gerações de mahélois. Algumas são rotas de cavalos que remontam aos dias dos primeiros colonos. Outras foram feitas por comerciantes de especiarias durante os séculos 17 e 18 que plantaram chá, canela, cravo e gengibre, hoje plantações abandonadas nas encostas.
Esses caminhos vicinais de Mahé desvelam cantos secretos da ilha. Espécies da flora e fauna mais ameaçadas das ilhas são encontradas aqui, incluindo o sapo das Seychelles, diminuto é menor do que unha humana, e a fabulosa e rara ‘árvore medusa’, que recebe o nome por suas flores semelhantes a estrelas do mar.
Outra ilha que merece destaque é Praslin, segunda mais importante do arquipélago. É aqui na Reserva Natural Vallée de Mai, que se encontra uma das plantas icônicas de Seychelles – o coco do mar. Um cacho de cocos amarelos se agarra ao tronco da árvore como um cacho de uvas gigantes, cada um do tamanho de bola de rugby.
O maior coco e semente do mundo, produzido por uma das plantas endêmicas mais preciosas das Seychelles, cresce apenas em alguns vales estreitos desta ilha. Cada coco leva seis anos para atingir a maturidade, mede até meio metro de comprimento e pesa entre 15 e 30 kg, aproximadamente 10 vezes o peso de um belo coco do nordeste brasileiro.
Se comecei a viagem de balsa em balsa, pulando ilhas, não posso deixar de citar Primo, a ilha onde moram mais de cem tartarugas gigantes – algumas pesando até 350 quilos e mais de um metro de comprimento –, e La Digue, onde a bicicleta é a dona do pedaço, e a vida parece congelada no tempo, pois seus habitantes não esquecem suas raízes desde a colonização por franceses e depois por ingleses.
Bem, se você é daqueles que não se dá bem com rotina, chegou no lugar certo – Seychelles.