Primeiro veio a surpresa. Exposta em um dos mais renomados showroons de design da Europa – o Vitra Campus – em Weil am Rhein, Alemanha, uma mandala feita de bonecas vestidas de tecido colorido chamou nossa atenção. A simplicidade e as cores das estampas já haviam atraído outros olhares, pois todas estavam reservadas. Nenhumazinha à venda. Essas bonecas haviam sido criadas pelas moradoras de Esperança, cidade do semiárido paraibano.
Silvia e eu não deixamos por menos, e tempos depois lá estávamos no sertão nordestino à caça daquelas bonecas.
Aí veio o espanto. Chegamos, enfim, em Riacho Fundo, distrito de Esperança, distante 150 km de João Pessoa, para conhecer bem de perto as artesãs das bonecas de pano. Se a primeira surpresa ao ver as bonecas na Alemanha foi de emocionar, ali foi a vez da comoção. Ahh! Brasil dos gritantes contrastes! Nenhuma boneca. Só artesãs de mãos vazias. Sem ajuda, a Cooperativa das Bonecas de Esperança não tem como comprar o material necessário à confecção das peças.
Sob aquele céu azul cobalto do semiárido o tempo congelou-se diante de nós, na exata fronteira entre o que havia sido e o que poderia ser. Não há mais bonecas ali. Hoje elas são apenas esperança.
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