Quando conheci Veneza, logo cai sob seu encanto. Tem que chegar lá e sentir. O que de fato dá significado a essa república insular são suas experiências fora de roteiro, e para mim mais ainda as lembranças contadas pelos meus avós.
Quem a viu não a esquece. Goethe a definiu como um furacão de beleza. Byron, Shelley e de Musset construíram palácios e dedicaram poemas às suas amadas venetas, cujos olhares exprimem o enigma da sensualidade e do desejo. Goldoni e Casanova foram outros que não deram folga para a paixão e se deixaram seduzir por mulheres que segundo o poeta Gabrielle d’Annunzio escondiam uma cauda de sereia embaixo dos vestidos.
Veneza é cidade para andar de mãos dadas e com olhar maroto para a amada, procurando pelos jardins secretos quase sempre escondidos da vista dos turistas apressados e dos ângulos inusitados da sua arquitetura gótica.
Descubra as lojas com humor felliniano na decoração. Aprecie o vento quente e despudorado do siroco que também toma liberdades nesta corte romântica. De qualquer ângulo e distância que se olhe, Veneza é sempre incomum.
Ato finalle: Veneza noturna continuará a seduzi-lo com seus festivais, teatros, exposições de artes e pequenos ristorantes, e veja como o resultado desse frenesi provoca a celebração do nosso permanente objeto do desejo.
E de tão feminina, Veneza é a magia do amor, um antídoto ao nosso universo cotidiano.
Heitor Reali para minha nonna, Pina
Marca – D´Água
de Joseph Brodsky
Uma viagem para conhecer Veneza pelas mãos de Brodsky não vai, literalmente, por água abaixo. Com sua observação pertinaz, não espere descrições detalhadas, informações úteis, erudição. A cidade é pura sedução pelo modo como oferece acesso ao seu passado. Brodsky compartilha com o leitor ideias, imagens, passeiozinhos ensaísticos, humor, leveza – e também sarcasmo. Mas sobretudo a beleza da “Sereníssima” dos poetas.
Editora: Cozac Naify