Van Gogh renasce sempre na mídia. Em recente publicação, o pesquisador Martin Bailey defende a tese que o artista cortou sua própria orelha, quando soube do noivado do irmão. Ele teria receio que Theo não mais o pudesse sustentar.
Acredito ser muito pouco encontrar uma única razão para explicar a enigmática personalidade do pintor. Desconfio de um breakdown. Mas, e o episódio da orelha?
Van Rappard, um dos amigos mais chegados de Vincent, em Arles, dá seu testemunho logo após o incidente: “…o que Vincent desejava era uma arte grandiosa, e sua luta gigantesca para se expressar devia minar qualquer artista. Não creio que é possível resistir a uma tensão sentimental e nervosa tão constante.”
O incidente que culminou com o corte da orelha foi um somatório de:
1) nove ininterruptos meses de trabalho vigoroso. Nunca um artista em poucos meses produziu tantas obras primas.
2) se alimentava mal para que sobrasse grana para as tintas
3) fumava demais e bebia muito absinto
4) estava com sífilis
5) havia colocado toda a esperança em um trabalho conjunto com Gauguim, mas o desencontro entre eles era imenso.
E, o bizarro episódio da orelha?
Este pode ser comparado ao costume da arena. Os artistas viviam em Arles, cidade francesa próxima à Espanha, onde eram comuns as touradas. Depois de matar o touro, o toureiro cortava a orelha do animal e presenteava a uma dama. Vincent, depois de cortar sua orelha a entrega para Rachel, uma prostituta.
No autorretrato com a orelha enfaixada, Van Gogh, veste uma boina muito semelhante a dos toureiros.