O melhor de quem viaja para uma cidade pela primeira vez, é não saber o que esperar dela, o que encontrará no final do caminho. Muito mais ainda, quando essa cidade é Havana.
Para entender a capital cubana, e no sobrepasso Cuba, tem-se que ir devagar, passear sem pressa, bater pernas por Habana Vieja e pelo Centro Histórico, labirintar, como se diz por lá, pelas ruelas e becos, pois a cidade é segura e você pode entrar em qualquer mocó sem problema algum e, assim, fazer suas próprias descobertas.
Do contrário, você sai desse país sem entender nada. Há uma distância enorme entre a sedutora Havana, revelada pelas agências de turismo local, e a cidade vista ao ser percorrida sem amarras. E é aí que reside seu encanto.
Ela é autêntica. Ela é surreal.
Ignoro se Havana é dessa maneira por estar assim, meio demolida, meio em reconstrução. Imagino se um dia ela terá todo o esplendor que se esconde atrás desses prédios abandonados e em ruínas. Portanto se quisesse descrever essa cidade limitando-me ao que vi e experimentei pessoalmente, deveria dizer que Havana não é uma cidade, mas muitas.
Nos bairros como Vedado, Novo Vedado e Miramar é ter certeza que suas construções nos levam a uma época passada de fartura e fausto de fazer inveja as melhores sociedades elitizadas da América Latina. No Centro Histórico, metrópole de pedras cinzentas, há palácios, hotéis charmosos, museus, restaurantes cuja gastronomia, em muitos lugares, deixa um pouco a desejar, mas em Havana a fome é outra. É a vontade de destrinchar seus segredos para saborear sua atmosfera misteriosa.
Talvez a verdadeira Havana nunca tenha existido. Primeiro ela foi espanhola, e sua independência, no começo do século passado, trouxe junto os americanos que quase a transformaram na casa da mãe Joana. A revolução social, em 1960, era inevitável e uma década depois a cidade já era sinônimo de uma nova era socialista. E assim a capital se fechou. Havana, mesmo nos dias atuais, com o desmoronamento do bloqueio americano, é uma cidade de impedimentos, contradições e contrassensos.
Não é o passado que nos domina em Havana, são as imagens do presente que fascinam. Hoje é um tempo privilegiado para conhecer a capital cubana. A cidade passa por um processo de revitalização, o que permite ao viajante uma visão global das diferentes fases de Cuba. Lado a lado no centro histórico veem-se palacetes em ruínas; vários estão sendo restaurados e outros já voltaram a exibir seu original esplendor.
A cidade flerta com o visitante nos museus e teatros, na riqueza do casario em estilos colonial, barroco e art-noveau, na geografia de suas praias, e principalmente com sua história.
Assim é Havana. Uma surpresa atrás de outra. E com frequência cada surpresa traz embutida dentro dela, outra surpresa.
Quem leva:
Sanchat Tour Operadora, com escritório em São Paulo (tel.011- 3017-3140) e em Havana, é especializada em Cuba, inclusive com roteiro personalizado.
Onde se hospedar:
Aqui a escolha é sua. São tantas, e tão singulares que vale uma escolha personalizada. Portanto, consulte a Sanchat que lhe mostrará dezenas de boas sugestões. Mas vale dar umas dicas: o Hotel Nacional, o mais emblemático dos hotéis de Cuba. Ali se hospedaram, desde reis, artistas, políticos e até mafiosos. Destes, conta-se que fechavam o hotel para suas reuniões anuais armados de muito champanhe.
Não deixe de:
Entrar no clima da viagem assistindo: o documentário musical Buena Vista Social Club de Wim Wenders, e os filmes Morango e Chocolate e Guantanamera, de Gutierrez Alea.
Incluir em sua mala de viagem: revistas, e cds de música brasileira, que seus novos amigos cubanos curtem muito
Compras:
O rico artesanato cubano de máscaras, cerâmica, pinturas, pode ser encontrado no Mercado Del Seminário de San Carlos e San Ambrosio na calle Tacón em Habana Vieja ou no Mercado de la Artesania.
Incluir no roteiro:
As visitas às fábricas de charutos Monte Cristo, Partagas, Cohiba e Romeo y Julieta e suas respectivas tabacarias já valem uma visita a Cuba, além de ser o melhor local para comprar um puro.