Inusitadas motivações instigam viajar, e conhecer o lugar de uma civilização perdida pode ser uma delas.
Pisar em Tikal, localizada em plena selva da península de Yucatán, é como participar de uma expedição arqueológica. Foi o que sentimos nessa que é tida a mais bela das cidades maias. Coberta de vegetação da cabeça aos pés, a maioria de suas ruínas ainda não foi desvelada. A visão é deslumbrante.
Por sua importância ela foi declarada pela Unesco, em 1979, como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade
À medida que caminhávamos pelas alamedas, entre suas inúmeras praças, um pensamento era dominante: a da grandeza desta cidade. São 3.000 construções, entre palácios e templos, mas apenas 15% delas restauradas. Tikal tem os mais altos templos das Américas, como o Templo IV com 70 metros de altura, cujas cúpulas emergem das copas das gigantescas árvores da floresta tropical da Guatemala.
Na Plaza Mayor, a mais imponente, estão os grandes templos, del Grande Jaguar, de las Máscaras e la Acrópolis Norte. Em frente a todos palácios, altares e estelas de dois metros de altura, contam um pouco da história desse povo.
É curioso notar como essa civilização que não inventou a roda, concebeu um preciso calendário astronômico e construiu edifícios com cálculos ligados ao equinócio e fases lunares.
Uma outra visão, desta vez mágica, recobre Tikal. Ali era um centro cerimonial para os maias, e ainda hoje guatemaltecos vêm de todas regiões do país fazer suas orações e oferendas. Nesta paisagem despovoada e de rara beleza, perguntas se oferecem à avidez de descobertas por parte de antropólogos e arqueólogos: Onde estão os maias? E porque eles abandonaram suas cidades?
Todos só sabem responder a primeira pergunta: “Nós estamos aqui. Não desaparecemos, apenas mudamos de lugar”.
Nesta civilização, que foi a maior das Américas e um dos centros mais brilhantes da cultura mundial, arqueólogos e antropólogos não chegam num acordo sobre o que ocasionou o abandono desta cidade a partir de 900 d.C. Ninguém espera que um mistério dessa magnitude se resolva como num romance de Agatha Christie. Conforme o tempo passa, os maias ganham mais importância entre cientistas que acreditam que em seu passado pode estar a resposta para nosso futuro.
Tikal é hoje peça-chave para alertar o mundo sobre a degradação ambiental, que teria sido a principal causa do colapso dessa importante cidade maia.