No Parque Nacional Los Glaciares, na Patagônia argentina, cabe toda a imaginação para uma aventura radical ou contemplativa.
Não se apresse para chegar aos glaciares se viajar de carro a partir de Buenos Aires até a Província de Santa Cruz. São 2.500 km, mas viajar é emoção, e um slow travel permite vivenciar novas paisagens. Agora, se quiser mudar de natureza e clima rapidamente, então um voo de 3h30 da capital argentina resolve. Lá do alto pode-se ter uma visão esplendorosa das geleiras em meio as montanhas.
O glacial Perito Moreno, o mais importante do Parque, embora não o maior, tem uma qualidade: chega-se bem próximo a ele por terra permitindo assim uma panorâmica completa. Isso o diferencia de outras geleiras que somente são visualizadas a bordo de barcos, e que por segurança não podem se aproximar muito por causa da formação de icebergs que impedem a navegação, além do perigo da queda dos blocos de gelo.
Outra particularidade marcante em relação aos outros glaciais, é que enquanto a maioria diminui ou aumenta sua língua de gelo, Perito Moreno há centenas de anos permanece em equilíbrio, mantendo a mesma área (250 km²), altura (60m) e espessura da capa de gelo (1000 metros). No inverno a cor azul predomina, e no verão a neve glacial se reflete e o branco da geleira prevalece.
Não há foto, nem vídeo que consiga descrever sua monumentalidade. Vista de frente, a dezenas de metros de seus enormes paredões de gelo, sua visão atua como gás paralisante. E aí reside o perigo. Fascinado, me descuidei e não percebi uma placa de gelo que se formara na passarela e fui ao chão. Pronto. Quebrei um dedo da mão esquerda. Um pronto atendimento pelos paramédicos do Parque, e em menos de uma hora lá estava eu procurando novos ângulos de observação dessa geleira.
A jornada para “Los Glaciares” não se define como uma viagem só de aventura, embora tudo ali envolve caminhadas e escaladas no gelo. Os viajantes não se decepcionam, pois o Parque segue forte e fiel no viés da aventura. Suas trilhas me levaram a conhecer uma nova dimensão geográfica, e daí foi fácil me imaginar na Era Glacial há 10.000 anos.
Não deixe de considerar uma navegação de dia inteiro pelo Lago Argentino, o maior do país, para conhecer os principais glaciais, entre eles o Upsala. Este é três vezes maior que o Perito Moreno, e com paredões de gelo que alcançam 130 metros de altura. Além das geleiras Onelli, e Spegazzini, cada uma com características diferentes de altura, largura ou comprimento da língua de gelo. No total o Parque possui 356 glaciares.
Poucas experiências em viagens me brindaram com uma natureza tão original quanto a da Patagônia argentina. Ao lado de enormes geleiras corre uma paisagem austera toda de arbustos com troncos e galhos retorcidos por ventos fortes e secos, solos pobres com econômicos matizes de cinza e ocre. O certo mesmo é que essa viagem à Patagônia me fez saltar 300 milhões de anos atrás e vislumbrar os primórdios da história natural de nosso planeta.
Para quando for:
Onde ficar em El Calafate:
Nossa escolha foi o Hotel El Cantera (administrado por Tandem), a 400 mts do centro da cidade. Quartos amplos com vista para o Lago Argentino aliado a um farto café da manhã www.hotellacanteracalafate.com
Onde comer em El Calafate:
Não faltam opções na cidade que é bem servida (sem trocadilho) por bons restaurantes com a típica culinária argentina da região (cordeiro e salmão), dentre eles o restaurante do Hotel Posada Los Alamos. Mas se for para abrir ou fechar com chave de ouro sua estadia, vale, e muito, o restaurante La Comarca, no Hotel Los Sauces www.casalossauces
Quem leva para os melhores roteiros:
Para acompanhar os aventureiros, os programas e guias da agência Criollos Turismo devem ser considerados. gerencia@criollosturismo.com.ar