O tacacá é sabedoria de nossas índias que misturaram na receita produtos que neutralizam o ardume de um item, ou a toxidês de outro. Em Belém, Pará, na boca da noite é a melhor hora pra se tomar o tacacá.
A tacacazeira forra uma cuia com um pouquinho de tucupi, para o cheiro bom já ir rescendendo o ar, coloca uma concha de goma bem quente, depois outra do molho dourado do tucupi, em seguida os camarões, uma pimenta de cheiro, e para coroar tudo, um punhado de jambu.
Para os índios a mandioca era a planta mística maniura, para o Padre Anchieta o “pão da Terra”, e o folclorista Câmara Cascudo a definiu como “rainha do Brasil”. Da mandioca se extrai seu sumo soberano o tucupi, retirado com uma engenhoca – tipiti – feita de talas de arumã trançadas que espreme ao mesmo tempo que comprime a massa.
O tacacá só pode ser servido em cuias, cujo tom negro carvão emoldura e realça aquele matiz especial e extravagante de amarelo pontilhado de laranjas e vermelhos, com algumas pinceladas de verde escuro.
Onde saborear: As tacacazeiras costumam armar suas bancas debaixo das frondosas mangueiras de Belém
Texto e ilustração: Silvia Reali