Na trilha aberta pelo sucesso de Lisboa e Porto resolvi bandear para outros destinos do País. Qual a melhor maneira de conhecer um lugar senão pelas mãos de seus habitantes? Não seria através de atividades com o espírito da região, vivenciar a riqueza cultural, a gastronomia ímpar e variada, e interessantes histórias? Esse foi meu roteiro para o Norte de Portugal, e que fez minha viagem subir de patamar.
As vilas portuguesas são muito mais que locais de passagem para quem viaja aos grandes centros turísticos. Algumas pelo encantamento de novas paisagens e pela diversidade cultural, outras, aldeiazinhas, quase esquecidas, de pedra sobre pedra, ruas e casas recobertas de liquens e musgos com janelas roídas pelo tempo. Entram-se nestas como em outro século.
Mas todas são verdadeiras vitrines do país, e proporcionaram à descoberta das muitas surpresas que Portugal me gratificou. Ali comprovei que o longe é bem perto, e a vantagem é a proximidade entre natureza e cidade. Para fazer essa jornada, escolhi hotéis da Associação de Hotéis Rurais de Portugal, em quatro pequenas cidades, onde pudesse ter, em cada uma delas, a experiência única da região.
As placas que indicavam às vilas que escolhi já eram promessa de felicidade: Póvoa de Lanhoso, Ponte de Lima (considerada uma das vilas mais antigas de Portugal), Peso da Régua, Lousada, Chaves, e em todas a mesma peculiaridade – a alegria no contato com as pessoas simples e generosas do interior. Você voltaria a um lugar, mesmo tendo uma natureza bela, que não foi bem recebido? Eu, com certeza não.
Foram nessas cidades que conheci a história de Maria da Fonte, eta! mulher empoderada que participou das revoltas que resultaram na Revolução de1846; a arte da filigrana, o restaurante, “O Victor”, frequentado pelo nosso escritor Jorge Amado; a alegria que me fez dançar, do Grupo de Cantares Acrepes, de Pedras Salgadas, e as Montanhas Mágicas do Geoparque Arouca, onde me surpreendi com as pedras parideiras, fenômeno geológico raro de pedras graníticas que brotam da rocha-mãe. Pode uma pedra parir outra?
Mas, Portugal tem muita história, e foi em Lousada no Museu do Românico, de arquitetura contemporânea com traços medievais que soube de um dos roteiros mais interessantes do Norte – a Rota do Românico. Destino para conhecer igrejas e monastérios seculares, pontes romanas, castelos e torres senhoriais que marcaram a cultura dos portugueses. Uma viagem por aldeias que parecem ter saído daqueles livros de fotos em P&B do começo do século passado, e que pouco ou nada passaram por mudanças significativas ao longo do tempo.
Mas capítulo especial nesse meu destino foram as paradas para curtir “aventura”, como percorrer de bike uma trilha que bordeia a natureza privilegiada do Rio Lima, ou trekking pelo Caminho Português de Santiago, ou ainda caminhada de 4 km na passarela que ladeia o rio Paiva. Em todas, as paisagens me fizeram procurar novos ângulos e admirar cenários bem diferentes daqueles que encontro no Brasil.
Duas paradas, contudo, se cacifaram como dos melhores nesse roteiro. Ambas foram para colocar pilha nova na minha alma. A primeira um rafting no Rio Paiva, a outra uma tarde inteira no Pena Aventura. Neste, aceitei o desafio do Fantastic Cable, tirolesa de 1.600 metros, a uma velocidade de 130km/h. O outro foi o Alpine Coaster, carrinho numa espécie de tobogã que em curvas, contracurvas, loopings e o escambau queimaram bom estoque da minha adrenalina.
Com sede de aventura em dia, agora vou ao vinho nesses campos de contrastes de uma região a outra, e onde comprovei o ditado português “o vinho que corre pela minha aldeia é melhor”. Pois, em cada local visitado, não tive dúvida: o vinho dali foi melhor do que aquele que corria por outra aldeia.
No norte de Portugal se produz o emblemático Vinho do Porto, além de outros conceituados vinhos verdes e espumantes que ainda guardam segredos de seus vinicultores. Muito deles produzidos por castas tintas ou brancas com nomes pouco lembrados pelos brasileiros, como gouveio, tinta barroca, malvasia fina, cerceal, loureiro, alvarinho ou a famosa touriga nacional.
Uma tarde numa vinícola permite conhecer a geografia daquele território e entender que o vinho é bom quando exprime bem o que representa – a sensibilidade e a ligação do vinicultor com aquela natureza que o inspirou para aquele vinho.
Do vinho para o prato. Ah! Como come-se bem em Portugal! A qualidade e genuinidade da gastronomia do Norte vai muito além de “Trás dos Montes”, e é reconhecida internacionalmente, pois está associada ao valor patrimonial e à riqueza dos produtos regionais oferecidos em cada uma das cidades que visitei.
Minha viagem foi também uma jornada pelos sentidos. Os nomes dos pratos por si só são já deliciosos: Rojões com Papas de Sarrabulho, típico de Ponte de Lima; Pataniscas de Bacalhau, da região de Ponte de Barca: e outros como Alheira à Padeira, e Pica no Chão.
Este quadro gastronômico encantou mais ainda quando provei os doces portugueses, como o inigualável Pudim Abade Priscos, ou o inesquecível Lousa de Chocolate com Gelado de Requeifa. ou seria o Gelado de Cogumelos Silvestres, melhor ainda? Certo mesmo é que em Portugal mais do que inovar um clássico, não basta ser moderno. É preciso antes saber fazer muito bem o clássico.
Não é o papel de uma viagem provocar alguém? Portugal é um país onde existe o desejo de estar e não de partir.
Mais em: www.hoteisruraisdeportugal.com
: geral@hoteisruraisdeportugal.com
Onde ficar:
Hotéis escolhidos da Associação dos Hotéis Rurais de Portugal:
Em todos esses hotéis destaco como ponto alto a hospitalidade aliada a culinária regional e a genuinidade gastronômica do lugar. Além é claro, do conforto das habitações e bom gosto das áreas comuns com decoração de objetos de arte e artesanato de qualidade.
Onde comer:
Aqui vale um brinde ao rural português. Cada parada para almoçar foi uma experiência única de sabores e conhecimentos, a começar:
Vale citar aqui também a degustação de vários pratos e doces portugueses oferecidos num café da manhã do Hotel Rural Paço de Vitorino, quando de minha passagem por Ponte de Lima, e no Hotel Rural Quinta de Novais, em Arouca, local que privilegia de entrada deliciosos embutidos
Para se aventurar:
Clube do Paiva, em Arouca, www.clubedopaiva.com Ideal para a prática de rafting, canyoning e trekking margeando o caudaloso rio Paiva
Pena Aventura, em Ribeira De Pena, www.penaaventura.com.pt Um lugar de desafios para todas as idades. Ali se gasta um bom estoque de adrenalina em esportes radicais.
Assista os vídeos até o fim se tiver oragem:
https://youtu.be/tvthPFgKze8