Em Paraty, na época colonial, as portuguesas, hábeis doceiras, aliaram-se às africanas e às índias na cozinha, na busca de substitutos para os ingredientes que não encontravam por aqui.
Segundo o pesquisador paratiense Diumer Mello, o manuê, ou manauê, é tão antigo como a pitoresca Paraty, Rio de Janeiro. Desse doce de farinha de milho teria derivado o manuê de bacia. Dentre os itens que entravam no preparo do bolo, sempre faltava o principal, o açúcar: era exportado e tido como produto de alto luxo. Diante de tamanha restrição entra em cena a criatividade das africanas que, além de adaptar as receitas aos gêneros locais, acrescentavam toques exóticos como gengibre e noz-moscada. Substituíram o açúcar por melado e trocaram a farinha de milho por farinha de trigo, importada, conhecida como “farinha do reino”.
No fim do século 18, Paraty contava mais de cem engenhos de cana. O melado era farto, sobretudo entre maio e agosto, daí a tradição de fazer o bolo para as festas joaninas.
Por ser massa densa e pesada, as quituteiras assavam o bolo em formas-tabuleiro, que até o final do século 19 eram denominadas “bacia”.
Receita
Ingredientes:
– 1 litro de melado de cana
– 3 ovos
– 750 g de farinha de trigo
– 3 colheres (sopa) de farinha de mandioca
– 3 colheres (sopa) de manteiga
– 1 colher (sopa) de fermento
– 1 colher (sobremesa) de noz moscada e de gengibre ralados
Modo de fazer
Bata bem os ovos com a manteiga. Acrescente as farinhas de trigo e de mandioca, o melado, as especiarias e o fermento. Misture tudo muito bem, despeje em tabuleiro untado e leve para assar no forno (40 a 50 minutos). Deixe esfriar e corte em pedaços em forma de balõezinhos.