Atrevido, não respeitava meu sono, a veneziana, nem a grossa cortina xadrez e barrado de crochê rosa-choque. Seus raios brilhantes e metálicos escapuliam pelos quatro cantos da janela. O relógio sinalizava 6:02, mas a quentura era de meio-dia. Não dá para entrar no sertão de Sergipe aos poucos, pensei, tem que ser de supetão. Esmorecida, mas corajosa escancarei de vez a janela. Nenhum nada naquela devastação ardente, cor de palha seca, pedregosa e poeirenta da Caatinga, desde o final do meu nariz até a lonjura do horizonte. O sol-coisarão dominava o cenário agreste. E alguém era louco de ficar no rumo dele? Era. Um vistoso mandacarú verde-mentol parecia nem se lixar para aquele braseiro.
“É que os espinhos dele respiram cada minusculinha friagem da noite, e guardam frescura para a planta”, me ensinou Neime, que plantou o cacto e costurou a cortina para sua pousada em Canindé do São Francisco. – Seu nome é caboclo? Perguntei só pelo gosto de prozear com quem sabe das coisas, enquanto ela me oferecia um munguzá, canjica feita de mansinho no fogão a lenha . – “ Vôte galega! O nome se deu no tempo que minha mãe cozinhava para os engenheiros americanos. Eles vieram para este sertão ver onde é que iam botar a barragem de Xingó. Eu era uma linda neguinha que cheirava a alecrim do mato, e quando os americanos me viam no bercinho iam logo perguntando: “What is your name?What is your name…?