Pode apostar junto comigo que vamos ganhar, pois chego logo em Kamchatka. A data certa ainda não sei, mas é prá lá que preciso ir. Por quê? Taí. uma resposta fácil: ora é minha vontade. Talvez, às vezes seja preciso um cadinho de bruxo, daqueles bem fumacentos com o caldo aos borbotões e um mexer que não tem conta, para que esse meu desejo se realize. E de preferência logo. Só sei que preciso chegar lá. E que fique bem claro que aqui não tem nenhum ego envolvido.
Kamchatka é longe, aliás longe à beça, lógico que saindo do Brasil, mas não pense que seja uma viagem de superação, nada do tipo ‘grande aventura’, de se exilar do mundo, nada disso. Apenas um lugar para elevar o patamar de minhas expectativas. Esse tipo de destino que procuro há tempos, e que talvez seja o ‘z’ das minhas questões sobre viagens quando voltar de lá. Veja que não coloquei o ‘x’, mas o ‘z’, a letra do fim do mundo do nosso alfabeto.
Onde fica Kamchatka? Você acha que sou louco de dar spoiler? Negativo. E como falar de um lugar onde ainda não fui, mas que não me sai da cabeça? A expectativa é diferente para cada pessoa, e só sei que será a primeira parada obrigatória das minhas escolhas. Qual será a minha verdade sobre viagens? Com certeza não é a de me exilar; ao contrário, é de realmente me imiscuir (adoro essa palavra) entre os habitantes de cada região. Todo encontro ali terá que ser motivo de grande acontecimento. E uma vez lá quero fazer isso o tempo todo, sem perder nenhum segundo, pois a viagem precisa de troca emocional. Esse tipo de roteiro terá que ser, para mim, daqueles de dar no que der. Viciante.
Afinal, ele também deve ser provocante em todos os sentidos. Uma viagem com muitas perguntas e ainda quase sem respostas. Se os obstáculos parecerem intransponíveis, pior para eles. Vou seguir em frente, pois o único obstáculo só poderá ser eu mesmo. Meu espírito não tem medo do imprevisto, ao contrário, não vê a hora de me deparar com ele.
Ilustração: Reali Servadei
O que desejo agora em viagens é voltar a me surpreender, um lugar que deixa marcas, e não fazer planos para o dia seguinte. Deixar fluir é o que preciso. Será que essa jornada existe? Confesso que a região que escolhi tem ares de dimensões ciclópicas e tramas do fantástico, só não sei se foi por acaso. Poderia ser qualquer outro? Sei apenas, e de longa data, que a experiência é uma consagração para mim. Aí, vou atrás dela.
Hoje penso que deveria ter sido mais ambicioso em minhas narrativas de viagens, pois no subsolo de cada lugar há um exemplo de liberdade, de contestação e, claro, muitas pitadas de mistério. Quer coisa melhor do que isso? Sei, porém, que não basta só cruzar oceanos para fazer emergir o que está no mais profundo de cada um de nós.
Por isso, neste momento escrevo levado apenas pelo vento da imaginação. Agora é só seguir o voo.
Não sei o que é uma boa viagem. Será que alguém sabe? Sabemos apenas que ela existe e não fica à mercê dos palpites alheios, mas é impulsionada pela força da vontade e pela curiosidade que movem cada viajante. Uma viagem que não pode ter outro dono; é para ser sua.
Vamos em busca dessa aventura juntos? Quer tentar? Aceitamos sugestões.
Matéria publicada originalmente no nosso blog Viagens Plásicas, do Viagem Estadão
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