Lá está ela! No meio do grande oceano, isolada e misteriosa.
Localizada a 3.600 quilômetros do litoral do Chile, e a 2.080 km de Pitcairn, a ilha habitada mais próxima. De origem vulcânica, a ilha de Páscoa, também conhecida pelo seu nome polinésio, Rapa Nui, é um dos pontos mais remotos do planeta. E solar. Mais: nenhuma árvore com mais de três metros pode ser vista em toda a sua superfície.
Valeu a pena procurar por um assento na janela do avião. É um lugar que não aprecio, porque fico confinado, principalmente em viagens longas como essa. Mas, aguentei firme, pois as cenas que esperava surgiram na chegada. A ilha vista de cima já traz muitas imagens cativantes.
Poucos lugares despertam tanto fascínio quanto a Ilha de Páscoa com suas gigantescas e intrigantes estátuas de pedra – os moai. Quando os viajantes holandeses chegaram à ilha, no domingo da Páscoa de 1722, o enigma foi lançado. Existem 887 colossais monólitos, alguns com mais de cinquenta toneladas e com alturas que variam de três a vinte e um metros, como o Rano Raraku.
Como foram transportadas as colossais estátuas de pedra? Que povo viveu aqui? Não é à toa que até seres extraterrestres foram invocados para entendermos a civilização desta ilha.
Respirar fundo. Ver mais longe. Escutar a paisagem. Fazer silêncio. Caminhar sem pressa. Eis cinco mandamentos para interagir com uma das regiões mais enigmáticas do planeta. Aqui acaba a matriz da aventura descartável. É a vez da experiência única, em um espaço perfeito para que curte trekking, biking, ou cavalgar em grandes planos de paisagens.
Consequência disso é que você acaba conjugando atividades físicas à beleza natural que proporciona um sentimento de felicidade. O que quero dizer é que caminhei o dia inteiro, e não fiquei cansado.
Não é grande a ilha. Seus principais atrativos são muitos: moai, cavernas, sítios arqueológicos, petrogrifos, crateras dos vulcões e praias, que podem ser acessados caminhando em poucas horas.
O que vale é apreciar o céu de azul intenso, perder o olhar em qualquer ângulo, pois a ilha impressiona de tanta beleza, seja numa grande abertura, num simples detalhe da vegetação, ou ainda a imagem daquela sucessão de cabeçorras. Aqui vale um parêntese: As cabeças são as formas visíveis, mas como num iceberg, só uma parte do seu corpo é vista.
Chega de história. Agora vamos surfar na praia Papa Tangaroa, com ondas de até seis metros, depois que tal mergulhar em Pakaia ou na praia de Viri Inga O Tuki? Agora se for só para se espraiar, a onda é Anakena, a praia predileta dos ilhéus, ou ainda a Ovahe, de areia cor-de-rosa.
No final do dia o melhor mesmo é curtir um pôr-do-sol ao lado de algum moai, para captar uma energia única. É o que dizem os esotéricos que vão à ilha de montão. À noite, o negócio é passear pela vila Hanga Roa, xeretando em todo lugar, comer alguma coisa, e cair na balada se encontrar alguma.
O melhor agora seria não dizer mais nada e deixar o visitante livre para decifrar os enigmas da ilha de Páscoa.
Considere quando ir:
Uma visita ao topo do vulcão Terevaka, o mais alto da ilha com 507 metros de altura, os moai com chapéu (agora dizem que era um corte de cabelo!) Parao Del Ahu Te Pito Kura, o vulcão Rano Kau com sua imensa cratera de 1,6 km de diâmetro, cuja cavidade foi preenchida pela água da chuva que formou lagoas rodeadas por plantas.
Pense também em visitar o Museu Arqueológico Padre Sebastián Englert, para entrar mais dentro da história dos seus habitantes, costumes e festas; e não deixe de pelo menos um dia se envolver com o pôr-do-sol no ahu Val Uri, com seus entardeceres mágicos.
Há bons hotéis e pousadas, mas muitos viajantes ficam em casas de família, o que acaba às vezes sendo bem melhor, não só pelo custo, mas também pela interação com os habitantes.
O ideal é permanecer na ilha, no mínimo três dias inteiros.
*Créditos das Fotos: Viramundo e Mundovirado/J. Borques/chiletravel