Em diferentes locais do mundo, mesmo conscientes do perigo que se expõem, os homens construíram suas casas próximas a vulcões. Mas na América Central, a 80 km da Cidade do Panamá, a vila de El Valle situa-se audaciosamente dento da cratera do vulcão Anton.
Sua origem é explicada em uma lenda. Conta-se que há 900 anos o cacique Anton, da tribo dos Coclé, sabia da ambivalência de sua decisão ao estabelecer seu povo dentro dessa cratera. Se de um lado os paredões vulcânicos formavam uma proteção natural contra ataques dos inimigos, sua terra fértil era excelente para a agricultura e as águas termais ótimas para a saúde, do outro lado havia constante ameaça de uma erupção.
Os xamãs resolveram então adormecer a filha do cacique com ervas especiais, determinando que ela só despertasse ao menor sinal de uma erupção para avisar os habitantes. O perfil rochoso nas bordas da montanha que se assemelha muito a uma jovem deitada, explica a história e o nome: Cerro Índia Dormida.
No mercado dessa vila, vê-se que da terra rica em sulfatos e cinzas crescem frutas como o marañon, tão sumoso que fica a dúvida se é para beber ou comer, além de beneficiar bromélias e orquídeas. Únicas, na cratera, são as árvores quadradas, e a raridade de uma pequena rã dourada (atelopus varius) que só existe ali, e que se tornou símbolo de El Valle e do Panamá.
Já nas encostas do vulcão, na Reserva Biológica El Macho, uma lista para nenhum esportista botar defeito: tirolesa, escaladas, montanhismo e rapel em cachoeiras.
A cratera de um vulcão causa sempre perigosa atração. E o que dizer de uma vila em seu interior?