A poucos passos da Grand Place, lugar icônico de Bruxelas, se encontra desde 1847 um tesouro da arquitetura neorrenascentista, as Galerias Reais de Saint-Hubert. Desenhada pelo arquiteto holandês Jean-Pierre Cluysenaar que se inspirou nas famosas Passages francesas, ela tem três alas: a do Rei, a da Rainha e do Príncipe. Por sua vez, essas galerias iriam mais tarde influenciar a famosa Galeria Vittorio Emanuele II, em Milão.
As Galerias Reais diferem das de Paris por serem mais altas, largas e com mais luz solar. Elas já nasceram para ser redutos de grandes lojas, museus e teatros. Assim, na metade do século 19, estava criado o ponto de encontro da alta burguesia belga. E até mesmo cobrava-se a entrada para passear por suas alas.
Ainda hoje as Galerias Reais de Saint-Hubert mantêm o charme de séculos atrás, e foi flanando por lá que me familiarizei com a moda e costumes dos belgas, observando as pessoas e as vitrines que abrigam butiques luxuosas, relojoarias, restaurantes estrelados, cafés, salão de chá, cinema, e o Teatro Real.
Mas, me rendi ao chocolate belga. Quem resiste? Ali reinam soberanas as chocolateries, e entre elas, desde 1857 a Neuhaus, que com a Godiva e muitas outras artesanais fazem o deleite de quase todos os flaneurs, que como eu, entravam numa loja, saboreavam alguns e iam conferir os blends das outras.