Entre rochedo e mar, em um cantinho da Riviera Francesa, Mônaco entra em cena.
Segundo muitos viajantes é a mais bonita localização da Costa Azul. O Principado, o menor membro das Nações Unidas, tem a maior renda bruta do mundo. Ponto de encontro do jet set que nas águas cobalto do Mediterrâneo ancora seus iates de luxo, e nas ruas labirínticas da vila exibe seus carrões.
Quem nunca sonhou ir até lá? O batismo de principado contribuiu muito para lhe dar um ar nobre e refinado, certo? Mas, calma, esqueça agora esses clichês. Mônaco está se reinventando como destino contemporâneo, sustentável e acessível a todos, principalmente para jovens.
Grana não pode ser empecilho para conhecer o Principado. Certo! Então vamos começar pela hospedagem. E a melhor temporada é agora. De outubro a fevereiro os principais hotéis dão descontos que chegam a casa dos 40%. Outros, como o Hotel de France (hoteldefrance.mc), no coração do distrito de Condamine, tem quartos duplos pequenos, a partir de 85 €, incluindo café da manhã. O Ni Hotel na rue Grimaldi (nihotel.com) tem quartos duplos a partir de € 150.
Mas, sugerimos ainda outras boas opções de hotéis três estrelas como o Columbus Hotel (www.columbushotels.com) localizado na Avenue des Papalins 23, Fontvieille. É um hotel boutique que foi totalmente repaginado em 2018. Uma vez lá tome seu café na manhã no terraço com vista para o mar, e prove a especialidade da casa que são croissants cremosos por dentro e crocantes por fora.
Outro ainda é o Ambassador Hotel que fica na avenida Prince Pierre 10. Refinado em sua arquitetura clássica, tem ótima localização a poucos passos do Casino, quartos claros e elegantes. Diárias a partir de 126 euros.
Apesar da imagem de longa data do principado de playground exclusivo para os muito abonados, há uma nova onda de restaurantes e bares a preços razoáveis com especialidades para a hora do almoço ou mesmo de um happy hour. Vale aceitar a dica de um monegasco: escolha uma dentre as boas boulangeries, sirva-se de pães crocantes recém assados, embutidos frescos de sabor pungente, queijos, uma garrafa de vinho, e vá deleitar-se em um dos muitos mirantes com vista para o oceano. Já estava certo Leonardo da Vinci que segundo alguns dizia que “a simplicidade é o máximo da sofisticação.”
A vistosa padaria L’Epi d’Or (Rue Grimaldi, 6) oferece excelentes sanduíches feitos com pão baguete por 4,50 euros, além de variedade de bolos e tortas a partir de 3,50 euros. Sugestão prá lá de boa são o Maison Mullot ou o La Roca no Mercado de La Condamine. Uma vez lá prove a torta de cebola, ou quiches e barbagiuans – um bolinho frito recheado de acelga e queijo parmesão, acompanhado de vegetais e arroz – meu preferido – a partir de € 2,50. Já para uma deliciosa tartine, a Tartine Monaco na rota de la Piscine (tartinemonaco.com), simpático bistrô com peixes frescos e saladas orgânicas; almoço para dois a partir de € 15,80.
Em Roquebrune, o La Différance no Sentier des Douaniers é um café com vista para o mar que serve pratos por cerca de € 15. Em Mônaco, as melhores pizzas estão no no Il Triangolo, na avenida de la Madone, a poucos passos da Praça do Casino, e a convidativa Pizzeria Monegasque (Rue Terrazzani, 4), onde pizzas custam 12 euros dependendo do recheio.
Para um happy hour no porto, sugerimos a La Brasserie de Monaco, um simpático bar com terraço ao ar livre, e que serve quatro tipos de sua própria cerveja orgânica. Ali, confira os saborosos petiscos, com bons preços, como petits farcis (legumes recheados de provençal) e socca (uma panqueca fina como papel feita com farinha de grão de bico e azeite de oliva). A alguns passos, encontra-se o Le Black Legend, um lounge estilo discoteca que conta com sucessos da Motown Songs e grupos de funk ao vivo.
Agora para quem não dispensa um vinho nesse horário sagrado, o Wine O’Clock, na avenue Saint-Laurent, tem impressionante variedade de vinhos de alta qualidade a partir de quatro euros por taça, servidos num terraço com bela vista, o que em matéria de Mônaco é redundância.
Antes das sugestões de passeios, vamos esclarecer uma confusão comum de nomenclatura, principalmente entre “Mônaco” e “Monte Carlo”. Mônaco é o nome do principado – ou do país, se preferir. Monte Carlo é o nome de um dos seus cinco distritos (Monaco-Ville e La Condamine são outros dois).
Importante: não há necessidade de alugar um carro para conhecer Mônaco. A viagem de ônibus, 45 minutos do aeroporto de Nice, com retorno, custa € 28,50, ou apenas € 2,60 ida e volta do centro de Nice. O Principado é pequeno, mas caso precise de um taxi, o valor é 10 euros para qualquer distância dentro da cidade. O melhor é adquirir um passe diário para as cinco rotas de ônibus que cobrem o principado ao preço de apenas cinco euros. Já as tarifas individuais custam dois euros.
A melhor maneira de conhecer a cidade, e seus principais atrativos, é a pé, e muitas das atrações de Mônaco não custam um caraminguá sequer. As praias de Larvotto – vale lembrar que é proibido andar em trajes de banho pelas ruas – são gratuitas para todos, assim como a maioria dos espaços públicos luxuosos do principado. O Jardim Japonês ao longo da orla, o Jardim das Rosas, dedicado à princesa Grace, percorrer as ruas do circuito mais charmoso dos “Grands Prix”, além do voyeurismo de observar iates em Port Hercule, e as Ferraris e Lamborghinis estacionados fora do cassino, também não custam um centavo.
O berço da vila é Monaco-Ville onde se localiza o Palácio do Príncipe (o passeio autoguiado pelas salas de Estado do Palácio custa oito euros) e a Catedral de São Nicolau. Ali, os túmulos do príncipe Rainier e da princesa Grace estão à esquerda do coro. Esta área é conhecida como Le Rocher, ou a Rocha, labirinto medieval de ruas de paralelepípedos, e os jardins exóticos e suspensos de Saint-Martin.
As verdadeiras pechinchas, no entanto, podem ser encontradas nas instituições culturais de Mônaco, graças ao desejo do príncipe Albert de impedir que a cultura seja elitista. A entrada no Museu Oceanográfico, que funciona como espaço de exposição, museu de exploração oceânica e aquário custa cerca de 14 euros.
Os museus encabeçam uma seleção de alternativas culturais, e dentre eles o mais procurado é a ‘Coleção de Carros do Príncipe’, que abriga desde calhambeques do início do século passado, que custam verdadeiras fortunas, passando por veículos mais recentes até o espaço dedicado à “Fórmula 1”. Ali rende-se homenagem a Ayrton Senna e aos McLaren que deram ao campeão brasileiro a marca invejável de seis Grandes Prêmios de Mônaco.
O glamour monegasco se concentra na Place du Casino – coração do principado, e quem sabe da Europa. De um lado o Hotel de Paris, do outro o Casino Monte Carlo.
Os cassinos fazem parte do lazer no Principado. Embora o código de vestimenta formal ainda seja obrigatório nesse lendário marco de jogos construído em estilo belle epoque (traga seu passaporte e € 10 para a taxa de entrada), há três outros cassinos – o Café de Paris, o Sun Casino dentro do Fairmont Hotel e a Baía de Monte-Carlo – onde o traje é casual e não é cobrada qualquer taxa. E mais, para jogar nos cassinos o valor é bem razoável.
Capturar o viajante e levá-lo a descobrir a pulsante vida cultural por meio de museus, jardins, mercados, e passeios a pé, é o desafio proposto pelo Principado de Mônaco. Aceite o convite!
Mas, viagens assim com a vida são feitas de compensações. Então, agora que o viajante sabe que poderá conhecer, e bem, Mônaco, sem contar com fartura de recursos, pode considerar chegar ao Principado a partir do aeroporto de Nice de helicóptero todo envidraçado (280 euros round trip). O percurso é de apenas cinco minutos, mas ter o oceano azul correndo a poucos metros dos pés, e a inesperada visão dos palacetes que parecem brotar do rochedo, ajusta as contas, vale, e é algo que fica grudado na memória.
Para saber mais: www.visitmonaco.com
*Matéria publicada originalmente em nosso blog Viagens Plásticas do Viagem Estadão