Corria o ano de 1969. Foi minha primeira viagem para Monte Verde, Minas Gerais.
Fui passar o dia, cheguei bem cedo. A estrada de terra percorria túneis entre pinheirais e já me preparava para entrar numa natureza privilegiada. Agora, vim passar um fim de semana. A cidade só difere do passado no asfalto, nas ruas, calçadas de comércio vibrante, e nos carros. Mas a natureza está igual, as araucárias e pinheiros, o aroma da mata ao amanhecer, e a arquitetura das casas.
Talvez por ser ariano, o outono é minha estação preferida
Em Monte Verde é quando as cores de algumas árvores da Serra da Mantiqueira começam a mudar para tons amarelos e vermelhos. E, nas noites de céu luminoso se vê lá longe as silhuetas escuras dos picos, do Selado, do Chapéu do Bispo ou da Pedra Redonda, rochedos que podem atingir mais de 2.000 m de altura. E, mais: nessa época o frio também está presente. Ele é anunciado quando as névoas surgem e correm rápidas. Aí as temperaturas à noite já começam a ser radicais marcando 6ºC, mas durante o dia alcançam até 27ºC.
Fala verdade, tenho ou não tenho razão para dizer que essa é uma estação perfeita? O dia para aproveitar em passeios, trekkings, cavalgar, biking, e até compras, já ao entardecer uma cervejada entre amigos, e depois do jantar, curtir a lareira com sua amada.
Não vou esconder as boas surpresas e descobertas desses três dias que lá passei, percorri estradinhas e trilhas, entrei ali e acolá xeretando lojas, troquei de pousadas (sou curioso e gosto de alternativas), almocei e jantei em diferentes restaurantes. Tomei sorvete e me aqueci em lojas de vinho, e de cerveja.
As boas surpresas começaram na Montanhês. Resista se puder às propriedades viciantes do chocolate. Ali um espaço inteiramente dedicado ao cacau. Comece com o brownie montanhês, depois um petit gateau, peça também um chococreme, todos eles vêm acompanhados do carinho da doce proprietária Mônica.
Ainda nos lugares gourmets, Monte Verde é bem servida, literalmente, por duas lojas de fino trato, uma de vinho, a Mistral Verde, e outra que tem especialidade na cerveja, a Arsenal da Cerveja. Ambas oferecem degustação com mais de 200 rótulos de diversos países. Todas têm sommelier à disposição para a escolha perfeita. Na adega, o Elcio, me brindou com uma degustação de três vinhos, o Alma Negra, da Argentina, um branco da Nova Zelândia e o Frei João, rosé de Portugal, acompanhados de queijos cremosos de gorgonzola e de cabra.
Na cerveja, parti para uma aventura gelada
Não fiz cerimônia e mandei ver uma leva de boas indicações, entre elas a Dama Pilsen, considerada uma das melhores do mundo, a Weihenstephaner, de trigo, que só na terceira dose consegui acertar o nome, e encerrei com a Floris Kriek, cerveja belga com concentrado de cereja.
Nas minhas andanças, encontrei a loja certa para comprar vinhos importados, entre eles os portugueses (meus preferidos), além de azeite, cerveja, pães alemães, salmão e trutas defumadas – a Mercearia Manfred’s. Localizada no Shopping Verner Grinberg, o casal Adriana e Manfred, ela de Trieste, ele de Frankfurt, formam a dobradinha perfeita para o bem servir.
Não muito longe do Manfred’s, outro shopping, o Celeiro, com dezenas de lojinhas é lugar perfeito para garimpar um pouco de tudo: agasalhos de inverno, ou não, botas, queijos, doces e embutidos mineiros, toucas de lã para seu pet na Guille Pet, conhecer o homem do tempo, sr. Nelson Pacheco, da loja Mont’Art que há 20 anos vem contabilizando as temperaturas da vila. Em 1999 ele registrou a mais baixa do Brasil, -16º C, durante uma geada negra. Em Monte Verde, cada parada é uma surpresa.
Chegou a hora de indicar alguns dos bons restaurantes de Monte Verde. Siga meus passos. Filé à Parmegiana ou Leitão à Pururuca? Sem pestanejar vá direto para o Restaurante e Boteco Villa Amarela. Para massas frescas ou para um especial Polpetone, não pense duas vezes, o endereço é a Cantina Portale di Napoli. Agora, um lugar certeiro para comida caseira, cujo carro-chefe é o Tutu de Feijão é o Comes e Bebes Drika. Chegue cedo, porque a casa costuma ficar lotada nos fins de semana.
Dois outros points merecem um lugar à mesa: o restaurante da Fazenda Hotel Itapuá, na qual o Filé Mignon Mil Folhas faz as honras da casa. À noite, a boa opção fica por conta do Café Bistrô, onde o gnocchi recheado com queijo foi paparicado ao som de uma banda de rock ao vivo.
No segmento de hotéis, as indicações começam com uma pousada (muito) particular, pois ela só tem um chalé, espaçoso, ideal para uma família com crianças – Chácara Adélia. Espaço pedagógico para a criançada com várias atividades lúdicas, deixando assim os pais livres para passeios e compras.
Na Pousada Boa Montanha, uma das queridinhas de Monte Verde, fiquei num chalé confortável, curtindo a lareira durante a noite. No dia seguinte como o tempo não esquentou para um mergulho na piscina, com bela vista do Pico do Selado, fui curtir o bom e rico café da manhã.
Acertei também na escolha da Pousada A Casinha Pequenina, um dos lugares mais em conta em Monte Verde. Uma delícia para quem não tem frescura, e onde a arte de receber é uma questão de princípio para o casal Paula e Marcelo.
As montanhas transmitem paz e silêncio. As ruas se abrem em estradinhas para um imaginário mágico. O frio obedece ao comando do sol, as névoas se transformam em cachoeiras que desabam dos picos mais altos e chalés prometem sonhos. Assim é Monte Verde.
Ah! O título da matéria saiu errado, não são cinco os motivos para escolher Monte Verde no outono, são cinquenta.
Mais informações:
Andréa, nossa guia local: contato.acmonteverde@gmail.com ou 35-99211-6694
Cantina Portale di Napoli
Fazenda Hotel Itapuá
Restaurante e Boteco Villa Amarela
Kukos
Guille Pet
Arsenal da Cerveja
Chocolate Montanhês
Comes & Bebes Drika
Mistral Verde
Chácara Adélia
Pousada A Casinha Pequenina
Pousada Boa Montanha
Café Bistrô