Estes desenhos não fazem parte de um Caderno de Viagem, daqueles feitos nas ruas, com a pretensão de captar um gesto, uma cor, uma brisa, ou até mesmo um cheiro. São desenhos de um ‘Caderno de Memória’ criados no silêncio do atelier. O tema? O que em Buenos Aires se apodera dos meus sentidos: coisas nas quais os porteños colocam toda sua arte e paixão.
Os desenhos de um caderno de viagem, feitos de emoção e com a agilidade do traço, carregam também um ‘barulho’, reforçado pelos escritos à margem. Daí que vou descrever muito pouco sobre essas cenas, e deixar apenas legendado como um filme mudo.
Viagens nascem da vontade de contar histórias, mas também podem brotar de imagens significativas
Ah! A atmosfera das livrarias de Buenos Aires. Qual seria o segredo? A cortina vermelha, o espaço nobre e grandioso da El Ateneo Grand Splendid…?
… ou a deliciosamente bagunçada que me sugere a biblioteca da casa de um aficionado por livros como a Libros del Pasage? E, como é bom levantar os olhos do livro que estou folheando e ver a vida nas ruas de Palermo através da vitrine.
Quem nunca perde a pose nem o chapéu? Um dançarino de milonga, claro. E, não é que sem esse item o charme seria menor?
Os shows de tango, são um espetáculo primoroso, com uma pitada parisiense e boa dose latina, contam a história dessa dança desde a época dos cabarés…
…aos músicos do bandoneón, até o tango contemporâneo. Neste, as dançarinas não usam aqueles vestidos com fenda lateral, meias arrastão, sapatos incríveis, e os homens vestem apenas um jeans e uma camiseta, e não ternos negros e estruturados.
De tanto eu bailar com os olhos e o coração, só podia nascer uma mandala para nunca se acabar de tango.
Interior de um café
ilustração: Reali servadei
O passeante se surpreende com uma passagem, uma pequena livraria, ou um café escondido numa rua de Palermo
Nos antigos cafés, os ancestrais espelhos embaçados pelo tempo me colocam numa espécie de fronteira do real com o sonhado. Então, apenas uma ‘lágrima’ (um tico de café e mais leite), com uma medialuna, têm o sabor de um manjar dos deuses.
Sou fissurada em cores, nas diferentes palavras para os sabores, e em sorvetes. Ouça só se não é de encher a boca d’água: gianduia (avelã com chocolate), os clássicos, fresa, vainilla, cereza (morango, baunilha, cereja), almendrado (creme de amêndoas com chocolate), vinho tinto, limón con jenjibre, refrescantíssimo, sem contar os de chocolate, árabe, branco, e o meu preferido: chocolate fuerte e intenso, com tirinhas finas de naranjitas caramelizadas, perfumado com cardamomo.
Chamego é chamego, mas um no parque com as árvores vestidas de outono, é para amar ainda mais Buenos Aires.
Mais do que toda arquitetura art déco dos belos edifícios, as cúpulas são meu lugar predileto. Dá pra fazer um roteiro só para procurar por elas.
Mapa de Buenos Aires
ilustração de Reali ServadeiPra finalizar e ficar ainda mais atordoada, só montando um mapa ilustrado e viajar sonhando pelas calles.
Considere quando for:
Quem leva:Aerolíneas Argentinas
Onde ficar:
Hotel Legado Mítico www.legadomitico.com , em Palermo Soho, da categoria Pequeños Hoteles Emblemáticos
Hotel Home www.homebuenosaires.com, em Palermo, da categoria Hotel Design & Green
Hotel Palo Santo www.palosantohotel,com, em Palermo Hollywood, da categoria hotel verde
Onde se divertir:
Restaurante y Gala en el Tango El Querandi, www.querandi.com.ar
*Matéria publicada originalmente no nosso blog Viagens Plásticas do Viagem Estadão