A pergunta é inevitável para quem não conhece o famoso Pão-Doce-Bolo de São Bernardo, também conhecido como Bola de São Bernardo. Originário do Convento de Arouca, Portugal, esse “doce” conventual idealizado há séculos pelas freiras bernardas, daí o nome do pão, pode ser tanto servido como entrada acompanhando embutidos, ou nas sobremesas com queijos.
O certo é que com sua textura muito diferente, sabor pouco doce, leve e solto, é uma iguaria na qual, aí sim, não se tem nenhuma dúvida – ele é delicioso. Outra particularidade é que não se corta esse pão/bolo com facas. Vai se puxando com a ponta dos dedos e tirando suas lascas.
Xeretando mais sobre esse saboroso pão, fiquei sabendo pela acadêmica portuguesa Andreia Martins, em sua tese sobre os pães da Vila de Arouca, que sua confecção é simples: feito de massa leveda de pão com açúcar, e após amassar, tapa-se a massa com panos ou cobertores. A massa repousa entre 15 a 30 minutos para levedar. Depois de fermentada, coloca a massa num tabuleiro comprido com um pano salpicado de farinha e são moldados os bolos de pão. Colocam-se em fileiras em tabuleiros e volta-se a tapar de forma a levedar um pouco mais. Assim, estão prontos para serem colocados no forno, de preferência a lenha.
Mas a verdadeira receita, dizem, está nas mãos de uma única pessoa, o Sr. Manuel Bastos, cuja trisavó foi criada no Convento de Arouca. À semelhança dos restantes doces conventuais locais, a receita foi recuperada pela família do sr. Bastos, cujo segredo ele não conta para ninguém. Dizem que o verdadeiro mistério de sua receita são algumas rezas e fazer o sinal da cruz para o pão crescer. Portanto, se quiser comer o original pão de São Bernardo, o jeito é ir para aquela cidade.