Exposição no Sesc Pinheiros, São Paulo, traz o esplendor da Amazônia nos objetos indígenas.
O infinito verde, a vida selvagem, as imagens insólitas de suas florestas ou dos manguezais, além da paradisíaca paisagem dos rios, são motivos de inspiração para as peças tribais marcadas pelo sentido do belo e do decorativo. Formas concisas se apresentam em sofisticadas combinações de cores, e concedem aos objetos simples para uso cotidiano, o status de obras de arte.
São máscaras, enfeites que são verdadeiras joias de penas e plumas, cerâmicas, cestos, peneiras, colares, esteiras, e instrumentos musicais. Feitos em diferentes técnicas, os indígenas utilizam materiais encontrados na natureza como entrecasca de árvores, cipós, sementes, palhas ou fibras de buriti ou tucumã, dentes de animais.
Criam aves para lhes retirar as penas, conhecendo até mesmo um processo para modificar as tonalidades. Plantam algodão e, com o auxílio de fusos produzem fios de diversas texturas. Para tingir usam plantas como o urucu e a jacitara e, árvores como o cumatí, a tintarana e o ingá.
“É possível começar a olhar para os objetos indígenas do ponto de vista de sua própria cultura e perceber que, o que quer sejam, eles se situam entre as melhores categorias de arte.” As palavras do crítico americano Thomas McEvilley só reforçam a qualidade da manifestação artística da modelagem em barro da civilização Marajoara. Esta atingiu um estágio de desenvolvimento que se rivalizaria com a das grandes culturas ameríndias.
Foi ilha de Marajó que nos anos 400 a 1400 da nossa era, que as mulheres marajoaras produziram em barro nossa primeira manifestação artística. As artistas de outrora dominavam a modelagem do barro, e o trabalho do entalhe em pratos, tigelas, alguidares, raladores de mandioca, urnas e estatuetas que decoravam com intrincado grafismo.
Entre os desenhos podem ser identificados motivos retirados das plantas como brotos e sementes, animais como o jacaré, a serpente, a tartaruga, e o redemoinho das águas. A arte Marajoara, por sua sofisticação e originalidade, deve ser considerada uma das mais admiráveis correntes estéticas da humanidade.
A exposição da arte indígena pode ser admirada no Sesc Pinheiros, R. Paes Leme, 195 de terça a domingo, das 10h30/21h30, até o dia 8 de janeiro de 2017