Talvez você não esteja familiarizado com essas palavras Akpalô-kipatita. Eu tampouco até alguns dias quando li um livro da grande escritora Ruth Guimarães. Mais adiante vou dar seu significado, pois elas têm muito a ver com a última reportagem do ano passado do Viagens Plásticas – ‘Viagens, máquinas de fazer pensar’, na qual dizia da importância dessa chave de mil portas – a viagem
‘Não há paz para quem tem curiosidade’, por isso me tornei jornalista. A curiosidade é uma das razões de minhas viagens, mas é também porque quero contar e escrever sobre elas. Não sei escrever ficção. Só sei transmitir o que vivencio, penso, sinto, o que observo e ouço. Ou seja, eu quero ser um Akpalô-kipatita. ‘Contar histórias (alôs) é, entre os africanos, profissão e missão. Esse contador é o Akpalô-kipatita’, que faz da vida o de contar histórias.
Um ditado africano diz que quando um ancião contador de histórias morre, é uma biblioteca que se queima.
Quando alguém pergunta qual é a minha profissão respondo: viajante e contador de histórias. É verdade, sou isso. O que mais gosto de fazer, e o que mais preciso fazer todos os dias, é viajar e escrever. Adoro o enigma de uma viagem.
O que torna essa experiência misteriosa e estranha é que a viagem não é constituída só pelo que vemos ou testemunhamos. Viagem é o que podemos arrancar do destino que simultaneamente requer nossa participação e como interagimos com as pessoas do local. O enriquecimento é mútuo. Você não concorda com isso?
O que essa viagem vai trazer para mim? Esta deveria ser a primeira pergunta ao programar uma viagem. A segunda, valeu a pena viajar? Pense!
*Matéria publicada originalmente no nosso blog Viagens Plásticas do Viagem Estadão